sábado, 12 de outubro de 2013

Tudo Errado na Fotografia

Tem dias que tudo é engraçado, pois tudo dá errado, alguns lamentam-se e sofrem outros divertem-se com os erros e aproveitam para exercitar a felicidade. Não fotografar neste dia seria perder um lado de algo de várias faces e este lado pode ser tão icônico como o melhor que já fez, tão marcante quando o mais belo e ousado trabalho, tão lúdico quanto o mais profundo livro.

Registrei então algumas imagens destes dias, tão incompletas, pois mostram na falta, ter tudo de que realmente precisam.


A primeira imagem não é minha, é foto de fotografia, aí como cópia  de algo já perde o melhor a originalidade, mas quando a vi era tão bela que não pude deixar passar. Para proteger esta imagem antiga do Rio de Janeiro, tirada no período do império, esta foi emoldurada com vidro, trazendo assim vários pontos brilhantes, que coincidiram com o horizonte, mostrando um lugar com mais de um sol.



Já existe hoje o vidro anti-reflexo mas não avisaram o curador ou este optou pelo menor preço, assim a exposição ganhou mais um estranho adereço.


Outra foto, pelos mesmos motivos acima, foi assombrada com discos voadores ou luzes coloridas em uma foto preto e branco. A paisagem com seu reflexo pouco tem destaque, em meio aos brilhantes e coloridos pontos. Tentando corrigir tantos pontos brilhantes perdi também o enquadramento, tombando a imagem. Tanto defeito ou seria efeito especial não poderia ser criado de modo natural, somente quando o imprevisto se junta ao acaso estas coisas acontecem. Ainda foi possível uma pessoa sob as águas, é muita fantasia e pouca razão.


A velocidade de captação da imagem não foi suficientemente rápida, para revelar a beleza das borboletas morpho voando. O tempo já corrigiu o "ph" da palavra que tem som de "f", mas no o latim de onde vem seu nome a linguagem ainda é esta. 

Pude mais uma vez encontrar tão belos animais e encantar meus sentidos com seu vôo, mas quis o tempo que não deixasse um bom registro. Não foi por pouca insistência que perdi o tempo, mas pela lerdeza das máquinas e imperícia em minha locomoção, deveras prejudicada pelas pedras e corredeiras que empunham-se como obstáculos.

O que fazer quando nossa adaptação permite ver uma bela imagem, mas a cegueira da máquina fotográfica só consegue captar um dos planos, perdendo toda a profundidade esperada.

A fotografia perdeu também outros sentidos, tais como:
- A bela sinfonia da água passando por dentre as rochas;
- O calor do Sol que aquecia o corpo enquanto os pés estavam gelados na água;
- A textura com impressionantes desenhos sobre as rochas;
- O aroma de frescor que a mata e o rio compunham;
- O vento que mesmo no inverno traz sua aspereza à pele;

Falta tanto em nossa tecnologia que o mais leve sopro de novidade leva multidões ao consumo, um simples detalhe de forma e cor passa ser um novo modelo. Pouco percebemos que o que levamos muito tempo para fazer e renovar a natureza faz em milissegundos.

Como podemos ver um buraco enquanto caminhamos em busca de belas imagens, na altivez de nosso objetivo o mesmo não pode existir. Quando alguns caem saem rindo mesmo que esfolados, outros procuram sentir pena de si mesmos e entregam-se a desgraça.

Composto de prismas e vidro sua profundidade é mínima, mas a fotografia diz que estamos próximos de um abismo. Ilusões de ótica quando ocorrem, podem trazer belas surpresas ou ledos enganos, tão certo quantos os incertos seres humanos.


OH céus! Ou seria a falta dele? Cobriram o céu e o Sol com uma ponte metálica, magnífica engenhosidade pairando sobre o riacho. 

Conviver é uma palavra cada vez mais arredia, não conhecemos mais nem mesmo nossos vizinhos, mal podemos ter certo os amigos, são outros tempos ou serão pessoas ocupadas demais com a busca por mais e mais, deixando de lado sua existência.




Mas o que pode-se fazer quando o fantástico por do Sol resolve ficar num cantinho das nuvens, e não colorir todo o horizonte?

Não há enquadramento possível em tão reduzida situação, podemos apreciar o efeito, mesmo não sendo valioso e de grande extensão, pois ver o belo em pequenas coisas é tão mais simples e pode melhorar muito o cotidiano.



Utilizar efeitos especiais de imagem pode ser tão desastroso, a ponto de varrer toda a bela da cena, transformar a mais bela figura em pálidas abstrações, abrir mão do melhor que está a sua volta para refletir um desenho rebuscado e sem graça, mas com certeza aceito entre seus iguais.

Mas quem gostaria de ser igual a tal figura? Como pode-se apagar as raízes e cores mais fortes e vibrantes de sua personalidade, a ponto de parecer um borrão em meio a outros tantos. Anular-se desta forma não traz vida, mas certamente pode apressar a morte de seu interior.

Um flash disparado na hora errada, uma avaliação automática do sensor de luz da câmera que avaliou ser a melhor opção, tirando do fotógrafo toda a originalidade, a genialidade, a decisão.

Que adianta captar imagens perdendo toda a cor que a luz deveria trazer, não há contraste que permita apreciar a beleza. Sempre haverá ao seu lado algo mais alto, mais alvo, mais imponente, mas se for autêntico este não será mais belo, mais importante, apenas pode ser algo diferente.

Não sinta-se um pato fora d´água por estar no canto, fora de centro, sem as atenções alheias, pois pode ser o único que esteja certo, correto e só precisa de sua certeza para seguir em frente.


Na pressa em captar a imagem perdi o foco, não permiti a câmera o tempo suficiente para ajustá-lo, corri conforme minhas necessidades, e como resultado consegui este defeito tisnado.

É tão difícil entender o tempo das coisas, para mim parecia uma eternidade aqueles segundos que o foco se ajustava. O melhor deve vir com o tempo, tudo a seu tempo, se não conseguiu com serenidade completar sua imagem, certamente na pressa não terá melhor resolução.

O maravilhoso por do Sol resolveu aparecer em meio a cidade, em meio a desordem das construções, em um meio tão caótico que parece não ser dali.

Tão rara beleza só devia brilhar em belos montes, em paisagens mais amenas, mas não, resolveu abrir uma nesga neste local. Devemos sempre lembrar que todos precisam ver a beleza, se a arte não pode chegar as almas mais simples afim de emocioná-las, o por do Sol pode mostrar que em todo lugar pode surgir o belo.





Só procurei imagens belas, sem apelação, sem conspurcar, mostrar apenas de leve nossos dias mais terríveis, afinal os vi com a finalidade de crescimento e não como objeto de mágoa, cultivo a felicidade, pois outras coisas costumam nascer e crescer sozinhas, não precisam de mais operários para sua expansão.



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