segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Momentos de Luz Fotográfica

A beleza da panorâmica tão difícil de captar e tornar suas emendas imperceptíveis, ainda mais quando há movimentos na paisagem, tais como o mar, captar 3 instantes e ângulos unindo-os em uma só imagem é uma proeza. Conseguir este ângulo teve um preço. Primeiro o percurso, caminhar toda a extensão dessa praia, pois estávamos alocados há uns 2 quilômetros após a montanha que fica no final da praia, lá na linha do horizonte. Tinha também uma subida íngreme de um morro coberto de gravatás espinhosos que fizeram suas marcas nas pernas enchendo-as de cortes. Para completar o Sol era de meio dia, à pino, de rachar a pele, mas o esforço valeu esta linda vista da Ilha do Mel.

Um fantástico espelho d´água, com tantos reflexos e brilhos que fazem o nosso imaginário trabalhar, este recorte foi possível devido ao imenso tamanho da fotografia 6 Mega, tirada em 2007. Tanta memória em uma máquina digital custava muito, como efeito colateral tinha que descarregar as fotos em outros meios de gravação diversas vezes ao dia.

A imagem completa em tamanho mais corriqueiro já mostra a intensidade e força que transmite um dia encantado pela luz.

Para conseguir este enquadramento tive que encarar a água, coberta de algas e com um visual nada acolhedor. Sai de lá com diversos cortes no pé devido aos mariscos e outros crustáceos que habitavam ali, mas mesmo com sangue o resultado visto agora valeu a pena.
No início do caminho tive de parar ao lado da estrada pois meus olhos travaram em ver poucos segundos desta vista incrível. Os manacás da serra cobertos em flor e um encontro de riachos brilhavam intensamente. Foram 10 fotos e nenhuma permitia captar tanta beleza, então vamos aos riscos, havia uma ponte estreita onde mal passam dois carros ao mesmo tempo, em uma rodovia de limite de 110 km/h, mas o único local que permitia tirar tão bela imagem era justamente no meio desta ponte, e tinha que esperar não passar nenhum veículo pois trepidava toda, tirando o foco, após alguns minutos e muitas buzinadas, finalmente consegui esta a 11a. imagem, para minha grata satisfação.
Erar na inclinação pode trazer gratas surpresas, como nesta imagem, um erro de inclinação leve no horizonte, criou um movimento extra nas águas, o desiquilíbrio traz uma sensação de profundidade. Posso sentir que estou agora naquele local, de tão forte a expressão da fotografia. Como tudo não é perfeito o céu ficou rebuscado, na diminuição da resolução, mas isto também criou um diferencial de imagem. 
O que mais me agrada na vista é o vazio, e a abstração que imprime.

Na volta o mar estava bravio, ondulações de mais de metro, mas o entardecer com suas sombras encantavam o caminho. Esta pirâmide de pedra parece que pairava no negrume do mar. A aventura do momento era não cair do barco, pequeno diante das ondas e não perder a câmera na água, que nos banhava na arrebentação.

Sem medo apenas adrenalina, o olhar preocupado do timoneiro e a tentativa do guia em encontrar um caminho mais calmo, longe das ondulações, causavam em todos ojeriza, e a mim apenas mais emoção.
O que dizer das cores vívidas e texturas do leito deste riacho, são tão intensas que fazem os olhos luzirem frente a tanta beleza. Captado em dia de luz mais amena o câmera conseguiu capturar detalhes como os pequenos líquens que crescem sob as pedras.


Tem dias que as cores tiram folga, nestes descobrimos os sobretons, quantos tons de uma mesma cor podem existir? Como podemos impor limites de cores quando só percebemos uma pequena parte, assim percebemos que sempre há mais que nossa presença, o todo sempre será um vazio no nosso conhecimento.



No campo após a chuva intensa, retorna o Sol, trazendo toda a beleza vicejante da vegetação. A composição não poderia ser mais completa, céu azul, verde mata, amarelo no campo colhido e vermelho terra no caminho.
Enigmático ser resolve mostrar-se, frente a tão grandioso local, de formas extra-terrestre desafia a gravidade e desloca-se em parede vertical como num plano. Encontro de caminhos difíceis de acontecer, entre seres tão desiguais, traz a curiosidade e a dificuldade de captar tão minúsculo ser, em local tão desfavorável, com certa distância para não assustar nenhum dos elementos, modelo e fotógrafo.

Quando o Sol resolve fazer o espetáculo, num dia nublado traz um feixe de luz. Uma pedra fosca torna-se dourada e passar a luminar a paisagem, um momento único, que durou poucos segundos, um estado perfeito da arte, com luz, câmera e ação.

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