sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Vãos de Arenito do Monge


Os imensos rochedos do Parque do Monge, situado na Lapa, Paraná, trazem uma fascinante visão das fraturas quase insólitas dos arenitos, formando terraços e lajes suspensas de imensos vãos, algo impensável para uma rocha tão frágil e delicada.

Nos anos de engenharia não poderia calcular uma estrutura estável de tamanha incoerência, raízes de árvores cortam as rochas com facilidade, fraturando ou sustentando blocos com vãos negativos imensos, verdadeiras plataformas voadoras.





Logo após a escadaria de arenito em declive acentuado, encontra-se um paredão com um oratório, e uma plataforma suspensa, formando um brise com um impressionante vão suspenso.


Com a coloração vermelho-alaranjado do oxido ferroso, um belo exemplo de engenharia da natureza.



Impregnada de água, ainda assim, mantém suas cores suaves e sua dissolução, parece mais provável pela força da água e dos ventos, que pela decomposição gradual.




O terraços sucessivos de cortes irregulares demonstram uma estrutura intrincada e de difícil compreensão.



Os cortes longitudinais parecem feitos com precisão, talhados pela mão do acaso.
















Os traços retos e as curvas alongadas parecem imitar nossas sacadas das edificações mais modernas.
Estamos sendo imitados pela natureza ou será o contrário. Afinal quem criou estes elementos primeiro?
 
Sempre cortei elementos com máquinas precisas em laser, plasma e outros raios complexos, mas na geologia é a formação dos grãos em filetes perfeitos que traz sua secção, fratura de corte simétrico, estranho ver tantas no arenito, seria mais comum vê-la em basalto.


São tantos giros para cima para apreciar os penhascos que até a câmera ficou tonta.
Infelizmente faltou energia, nas máquinas fotográficas e no fotógrafo, para percorrer os ângulos possíveis, foram horas de subidas e descidas íngremes, algumas desafiadoras e ainda assim registrei apenas parte do imenso e belo conjunto rochoso. A energia do local é incrível e permite desde passeios curtos e de baixo impacto até ousadas explorações.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Arenitos de Vila Velha

Os arenitos de Vila Velha, Paraná, trazem as marcas do tempo na rocha com imensa singularidade, o fissuramento destes gigantescos blocos criam formas em convívio com a fauna e flora do local, trazendo ao visitante as mais belas impressões.
As cores da rocha oxidada vão do areia ao cárneo, matizando com os elementos do local.

Difícil é escolher o ângulo mais belo para fotografar, a luz e sombra prospectam criando ambientes extraordinários, para todo lado há texturas de líquens, troncos, epífitas, uma intensa mistura de elementos em composição.

Cascas de árvores podem passar desapercebidas dada a imensidão,
mas com olhar mais cuidadoso, primoroso são os relevos apresentados.




A luz que atravessa os paredões figura um elemento a mais, na profundidade da beleza do local, algo espiritual, muito forte e intenso, mesclado com nuances de suavidade e candura. Para melhor demonstrá-la faço uso de cromia.
 
Por vezes a irradiação solar cria um elemento a mais nas curvas do arenito







Os padrões da vegetação merecem um destaque, há orquídeas epífitas como os oncidiuns crescendo em densidade, ou rupícolas como as bifrenárias, mas sem dúvida o que destaca-se são as bromélias formando véus ou escalando as paredes em curiosas formações.

As várias visitas no entanto permitiram identificar algumas espécies e até presenciar sua floração, mas suas localizações extremas não trouxeram boas imagens, desse modo mostrarei nesta postagem a vegetação em nível de forrações como estas a seguir:






São tantos detalhes extraordinários que é impossível vê-los em um só dia, numa única estação, somente visitas constantes permitem apreciar tanta originalidade, não mostrei ainda as flores e as sementes e um sem fim de elementos que ainda preciso encontrar em melhor luz ou na falta dela.

Mas o motivo do parque são as formas esculpidas na rocha, então seleciono algumas:

"A TAÇA" - em sua vista do mirante é considerada o símbolo do parque, embora prefira a vista traseira, onde aparecem faces humanas esculpidas pelo vento.

As próximas formas prefiro nomear com base no meu imaginário, embora possam ter outros nomes no parque.













Em perfil agudo este bloco parece um navio atracado no seu berço, esperando para zarpar.

Ao lado sua localização em meio ao rochedo.



O ET esgueirando-se entre a vegetação florida.


O mesmo, em um dia azul sem a força da primavera.


A Esfínge pujante sob a ribanceira.

Exige um esforço imenso para avistá-la, em seu olho um ninho de vespas.



A Face, entre as escarpas, uma rósea pele aparece.

Em perfil o suor verde do esforço desprendido.

O caramujo com suas cores esguias, uma combinação lacustre e mole, embora de fato rígida como rocha.


O Guardião com suas inscrições limitadoras em ranhuras mostra sua presença.



Por fim o portal de saída, que parece fechar sobre o visitante, impedindo que seus tesouros sejam levados.

Em qualquer momento, sob qualquer condição de luz, é impossível não encantar os olhos e abrandar o coração.

As forças rejuvenescem com o passar da horas nos íngremes caminhos, que podem trazer mais surpresas que a lente pode captar.

Sem pressa, com olhar curioso, pode-se conhecer um mundo nunca antes pensado, algo deveras pueril.