A crescente queima das matas no mundo, trouxe a mim não só a perplexidade do evento mas também a sensação que minha base das peças de arte, a madeira residual de árvores mortas, encontradas nas matas e riachos de minha vizinhança estão também num processo de extermínio.
Para clamar por mais consciência do frágil planeta onde estamos resolvi criar uma série de esculturas em madeira, aprimoradas como luminárias, trazendo assim o elemento fogo para um contato mais próximo a situação real.
A ideia inicial era mostrar o grande círculo da vida, para isso trouxe o elemento ÁGUA, num fundo azul margeando a instalação, o elemento FOGO nas lâmpadas vermelhas, laranjas, amarelas e brancas, o elemento TERRA está materializado nas esculturas em madeira e por último o elemento SOL ou ENERGIA, está simbolizado nos reflexos de uma instalação de placas de aço inox liso e escovado.
O circulo de apoio serve como forma de mostrar a transformação, a mudança, o tempo o movimento das fatos que inicia numa incandescência vermelha de labaredas e vai prosseguindo por focos de fogo (luminárias) na trajetória do vídeo, quase no fim, uma prece, numa forma sinuosa Nossa Senhora e subindo a um anjo apocalíptico, que de seu interior emana luz azul.
Os elementos de aço inox reluzentes e foscos, também podem simbolizar nossos conceitos de industrialização, consumo desmedido, sucessivas ondas de destruição da biodiversidade em prol do nosso "desenvolvimento".
Em todo trajeto circular temos focos de incêndio (simulados por lâmpadas), incutidos nas luminárias, mostrando que mais do que as barreiras físicas (países ou geografia), o problema se espalha, além de suas capacidades, pois está interligado além dos limites territoriais e das políticas individuais de municípios, estados ou países, além até mesmo de continentes.
O braço circular que nos envolve é um planeta, uma quase esfera, mas preferimos discutir o globalizado somente nos interesses financeiros, ficamos quase que isolados quando o assunto envolve um ambiente global.
Os efeitos secundários que nossas ações ou falta delas causam não parecem interessar, estamos focados em nossas posses, nossa posição, nosso crescimento em bens materiais, quanto mais tecnológicos melhor, não importa muito sua origem ou danos necessários para sua criação.
Ao centro uma pequena fogueira, nosso início primitivo de desenvolvimento refletida por raios de aço que demonstram a necessidade inicial de calor, proteção e conforto. Hoje desdobrado em um sem fim de ramos que estimulam nosso consumo, nossos anseios, nossas "necessidades".
Então começa nosso processo evolutivo, a exploração dos recursos de modo ostensivo, minerais, animais e vegetais, tudo para servir unicamente a nossos interesses imediatos, não como antes para subexistência, somos mais complexos e agora começamos a acumular para viver melhor.
Embora ainda estamos no início da compreensão da complexa rede que interliga os seres vivos desse planeta, já extinguimos alguns sem nem saber sua função, represento a ANTA, semeadora de florestas levando a biodiversidade, tão falada mas tão pouco valorizada.
Quantas outras formas de vida animal nos são úteis? além de nossos pets, cachorros e gatos? Serão estes inferiores e só servem para nosso consumo e distração? Um dia saberemos seus verdadeiros lugares no ecossistema?
Nossa flora será mesmo apenas para produzir alimentos em massa, iguais e conforme nossos padrões de gosto? Teremos sempre essa infinita fábrica de remédios quase sem efeitos colaterais? Desprezaremos toda evolução pois não servem aos nossos jardins e nem para nosso alimento?
O que vamos pesquisar quando estas formas não existirem? pedras lunares, elementos químicos sintetizados, formas de vida extraterrestre?
São apenas mais uma fonte para nossa infinita exploração? Teremos capacidade de preservar pelos menos as que mais utilizamos?
Contaremos apenas com nossas crenças e religiões para evitar nossas ações? Serão estes seres espirituais capazes de impedir que encontremos nossa própria destruição? Precisamos avançar mais nossos danos para entender o caminho que trilhamos avidamente?
Preces a Nossa Senhora, Anjos de Proteção podem nos confortar, nos surpreender, nos alertar, mas ainda temos o livre arbítrio, tão generoso que nos deixa exterminar o que nossa pouca compreensão não julga necessário.
Devido o tamanho o vídeo não pode ser anexado, mas pode ser visto em outro link:
https://www.facebook.com/marcos.stecker/