Esculpir em madeira em formas diminutas requer muita paciência, pois se trabalhar com madeiras mais moles, facilmente perde peças com corte equivocados, se escolher cernes e madeiras duras, certamente terão escapes, cortes e dificuldades de modelagem, as ferramentas para isso não existem ou talvez existam mas são demasiadamente caras, então estas peças exigem dias para serem formadas, um único pássaro de 2 cm pode levar mais de 2 horas, quanto mais detalhado e expressivo menos possibilidades de feitio existem.
Detalhes como olhos, bicos, assas, são leves abstrações, cortes, perfurações e a mais complexa, incisões de elementos com micro furos e colagem.

As composições são formadas de uma diversidade de madeiras afim de obter mais texturas e cores, e claro ajudar na modelagem das formas.

Os detalhes não puderam ser capturados pela lente, pois exigiriam um cem fim de imagens para compor minimamente o aspecto real, então preferi manter no máximo 2 ângulos e compensar mostrando uma maior quantidade de peças.
Os troncos são de arbustivos cultivados, conhecido como Pingo de Ouro (Duranta erecta), que secaram e foram invertidos, utilizando suas raízes para compor os ramos de uma árvore. Sua cor muito clara e retorcida permite destacar-se da base e pássaros.

Na base em sua maioria utilizei a madeira Louro, por ser mais leve e maleável, além de ter texturas e muitas cores que vão do preto (queimado), marrons (cerne central) e amarelos (intermediário até as margens). Na borda ainda eh possível obter mais um tom siena proveniente da resina da casca que seca e macha as bordas.
Cada ângulo de visão pode ser tão inusitado que é difícil imaginar ser a mesma peça, tornando o desenho de cada face e forma uma eterna criação, trazendo a expressão "acabado", um momento muito doloroso quase indeterminado, pois se observar mais alguns segundos a criatividade pode sugerir mais algumas horas de trabalho.
Sempre tenho de responder a questão de valores e claro das vantagens desse trabalho cada vez mais raro, nestas questões sempre sinto que não consigo ser objetivo e descritivo suficientemente para que possam compreender.
Meus trabalhos não vem de uma escola, mentor, estudos de arte, vem de algum lugar mais profundo e desconhecido, meu eu interior, simplesmente sei fazer assim, ninguém precisou ensinar, mas certamente tudo que vi e aprendi em todas as áreas contribui para este resultado.
Não posso dizer que é um meio lucrativo, pois peças em madeira são vistas desde sempre como inferiores, artesanato, singelas demais. Mesmo assim acredito que o manual, individual, único, sempre terá valor, pois não pode ser copiado, multiplicado, fabricado, reproduzido em escala, logo traz a quem o vê a sensação de inovador, mesmo que eventualmente não tenha interesse.