Uma explosão de idéias cresceram, tantas formas com personalidade própria que foi impossível mostrar um conjunto, pois as esculturas mostravam-se únicas ou matrizes de uma nova tendência, coleção. A cada esforço de criar uma sequência sempre surgia uma peça excludente, pensei em até publicar todas mas quebraria uma estrutura a que me propunha, então demorei mais para entender esse caminho, explico um pouco de como é complexo lidar com materiais orgânicos, únicos e oriundos da natureza e não da produção industrial, acho que estes desencontros mostram mais caminhos do que podia pretender percorrer.
Produzi para cada peça várias opções até encontrar algo que mostrasse ser um elemento correto de conjunto, assim algumas peças tiveram 4 cabeças, 3 pernas e assim por diante até oferecer uma harmonia compatível com o que já havia. Assim também as peças fugiam dos padrões gerando outros temas, outros pensamentos, acredito ser a primavera da criatividade, pois brotaram todas as formas: Humanas, abstratas, geométricas, fluidas mas sempre com impacto e elevada originalidade .
Orgânico não são perecíveis, apenas formas menos angulares, únicas. Também não são um conjunto de formas curvas, pois sempre opõem-se a estas formas inusitadas, criativas com função temporal pois registram fatos. Estas notícias não são apresentadas de forma clara, simples, leiga, exigem do leitor conhecimento, estudo de particularidades, olhar cuidadoso, meticuloso e imenso senso estético comparativo. Existem nestas formas elementos de mais simples compreensão, ou talvez, que já aprendemos a ler, tais como os anéis de idade de uma árvore, as cores das madeiras, as funções básicas de um ser vegetal, mas estamos apenas em parte conhecendo a imensa linguagem.
O Orgânico não agrada pela repetição, pela simetria pela nossa função de ordem, pois está a frente destas simplificações que fizemos para estar no controle, traz cores que não se repetem, mesmo lado a lado, folha a folha, cada uma traz sua personalidade e unicidade.
Não há porque manter padrões, criar lissura, alimentar uma textura única de modo a harmonizar o conjunto, é no caos de na ausência de objetivo que se materializa cada elemento.
Sobrevivem a mais tempo que nós então não utilizam seus talentos únicos pra dominar, pois buscam o convívio com o diferente, que junto compõe algo melhor.
Quando criam-se depressões estas mostram-se úteis, necessárias para maior integração e complexidade, gerando uma mais elevada diversidade. Nós quando algo mostra-se irregular, logo procuramos tampar, preencher, alisar, planificar, jamais nos adaptamos, queremos sempre ficar dentro dos conceitos conhecidos, das funções pré-estabelecidas.
Desconstruir não está nos hábitos do humano, ainda estamos tentando aprender a reciclar, criamos elementos que mal sabemos como ficarão após o uso ou desgaste, não evoluímos para uma vivência longínqua, milenar, apenas para prazos curtos de nossa rápida passagem.
Simples, singelo, não é menor, apenas limitado no entendimento do classificador, por desconhecimento, por falta de observação ou pela pressa de saber sua utilidade prática, seu uso, seu benefício. Mesmo assim construímos beleza sem saber porque, pagamos muito por visões pitorescas, pois precisamos mais que existir, vestir, comer, viver, necessitamos preencher nossa alma com algo mais.