terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Mulheres de Pedra


Traduzir a beleza das mulheres exige elementos fortes, delicados, de resistência ímpar e de cores extravagantes, procurei então onde isto podia existir e o único material que trouxe tanta singularidade foram as pedras.

Com suas gramaturas, fendas e fissuras abrigam os mais variados tons, os mais variados harmônicos, as mais instigantes cores, a mais sofisticada beleza.



A magistral impressão do corpo feminino dançando, mostrando a sinuosidade galgaz, ondas de impacto e leveza, malícia ao natural, desdobramento do interior lascivo.


Apenas pedras de arenito constipadas pelo tempo, óxido ferroso de desgaste pluviátil, ação do tempo captada em milissegundos.


Breve, tão rápida como a mais ligeira ave, tão plena como a imensidão. 



Detalhar ao ponto de fácil constatação, ou manter obscuras formas instigando a imaginação, difícil definir o ponto exato em que o talhe deve parar a arte, onde a forma já se mantém, onde já diz tudo o que pretendia trazer.

Os véus que cobrem as formas escondem e apresentam uma mulher misteriosa, por vezes mais atraente que a exagerada nudez.

A natureza traz a santidade, o ser vívido que canta e produz melodias para abrandar o tempo, acalmar a alma, engrandecer o mais profundo elemento humano.

Serão sons de calmaria ou bravos de revolução, são vozes femininas, enebriantes no tom, mínimas na intensidade, mas marcantes nos corações.

Cobertas por tecidos mostrando pompa ou ondulosas com muitos vincos, qual a personalidade da vez? Qual o formato da moda?

Acho que a personalidade transmite mais que as formas, e esta por certo é mais adequada ao que deve-se apresentar.

Mas tendo que lutar por um espaço, aprenderam também a parecer ao meio o que não são, aparentar destreza e força, mas para nossa sorte a dualidade sempre impera, e aos poucos pode-se perceber a mais complexa esfera.

As rochas também desdobram-se no ambiente, ora duras e implacáveis, ora tenras como terra.
Cobertas de musgo mal percebe-se sua presença, corroídas pelo sol causticante ficam esbranquiçadas e esgueiras, ou então, vívidas em cores berrantes amaciadas pela água.

Todo instante um, no mesmo conteúdo um amplitude de ser.
Nuas em pedra, enigmáticas ao infinito ou espetacularmente simples, trazem sempre o despertar dos olhares, uma imensa satisfação de tê-las em nosso convívio.


domingo, 19 de janeiro de 2014

O Tempo das Águas

Como prolongar o tempo? Como apreciar algo tão insólito? saber dosar as medidas e tirar das horas mais que a memória conte em anos.


Passando aos poucos, ou em doses muito rápidas é consumido, desgastado ou revitalizado, mesmo as imagens que pretendem prender o instante, para torná-lo eterno, sofrem a corrosão dos meios que nunca são eternos, apenas são intensos enquanto nosso olhos alegram-se em vê-los, um breve instante pode ser muito tempo, se alimentar nosso interior com satisfação.


Para lembrar que teve muito tempo, gaste-o com as coisas que mais lhe agradam e com as pessoas que mais te cativam, assim não perderá nada, apenas estará criando lembranças que farão aumentar e alegrar sua jornada.

A água que flui pelas encostas, sofre tantas quedas, não é sempre renovada, mas sim uma acumuladora do caminho que percorreu, embora caia limpa e pura com a chuva, em seu trajeto toma cores e sabores dissolvidos pela sua passagem. Nós como as águas podemos encontrar novos caminhos e adicionar em nosso interior uma altiva magnitude, mesmo que por vezes passamos turvos, destruidores, podemos renascer puros e cristalinos como a chuva, apenas devemos novos valores escolher, não precisamos dissolver tudo que está em nosso lado, podemos transcorrer levando apenas a alegria, pura, inocente e despretensiosa.


Não se preocupe como é visto, pois ao Sol pode parecer turvo e a sombra criar limo, não apresse seu caminho pelos olhares alheios, busque em seu interior seu verdadeiro anseio. Procure a harmonia mesmo que a paisagem pareça desanimadora, ter no interior a certeza, é mais que mostrar ao ambiente muita proeza.


Não é necessário a cascata ter uma grandiosa cauda d´água para ser marcante e cativante.

Não é necessário ser reconhecido para ser uma pessoa importante e bem lembrada, basta escolher bem os caminhos e fazer do trajeto uma boa jornada.

As únicas pessoas que precisam lembrar de você são as que você carrega no coração, as demais basta saber que podem contar com sua mão, sem custo, sem preço, sem segundas intenções.


A elegância esta em curvar-se as dobraduras da vida e não insistir em manter uma posição ereta, altiva, forçosa, gastando suas energias com o que não lhe faz bem.

Não force sua posição em troca de reconhecimento, melhor não ser visto e nem lembrado do que cobiçado e invejado.

Controle seu ego para que este não lhe tenha controlado. Controle sua ambição para que esta não consuma todo seu tempo, e só lhe reste más recordações.


Por vezes as corredeiras são tão sutis que formam um fino fio de água, ou nem isso, apenas brilham escorrendo rente ao paredão.

Mostram sua intensidade apenas nas estações de chuvas mais torrenciais, adequando sua força a necessidade, não impondo sua presença.



Trago as mais belas imagens que traduzem o que mais gosto, assim contemplo pra mim mesmo o tanto de belo que já vi. 

Certamente estive em locais mais impressionantes, grandiosos, mas os mais singelos trazem em mim as mais agradáveis e fortes alegrias, as mais prazerosas, aquelas que gosto de rever.

Gosto de ser apenas um observador, discreto, passando pelo lugar em contemplação, com respeito e admiração.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Aquário Paranaguá

Cidade movida pela força de seu porto, traz um novo elemento turístico o "Aquário de Paranaguá", construção belíssima trazendo traços de elevada beleza. Logo na entrada podemos apreciar um arco em tubo, apoiado na base e paredes laterais que envolve o visitante.

A luz projetada do exterior cria este efeito de anel luminoso, no pé direito duplo pode-se apreciar um belo mosaico em azulejos.



No vão central uma esfera de vidro traz luz intensa a sala denominada "Manguezal", uma combinação perfeita entre natureza, geometria e edificação.








Outra primorosa composição está atrás da loja de objetos do local, um pergolado circundado de uma linha de aberturas circulares (escotilhas) no segundo nível. O terceiro nível tem uma linha cortada por painéis de vidro, inspirando figuras desdobradas em sombra.






Para aumentar a dinâmica da composição o pergolado apoia uma parede inclinada que tem um imenso vão circular gerando uma insólita vista.

Atravessando esta escotilha inclinada há uma projeção da luz solar de fora para dentro do jardim, irradiando beleza.

Local tão nobre deveria ser aproveitado como um lago de carpas com ilhas e bancos que permitissem apreciar a imensa beleza do projeto. Um simples espelho d´água com algumas plantas aquáticas e acesso a parte central já encheriam os olhos de qualquer visitante.
O local é tão harmonioso que certamente será melhor aproveitado no futuro.




Continuamente percebemos detalhes e alguns pouco comuns ,tais como, estes mezaninos sobre as escadarias, ou o semi-círculo de piso metálico gradeado, que dá vazão aos caminhos dos visitantes.






As escotilhas utilizadas por toda parte, ora formando círculos, ora formando cones trazem vistas impressionantes, caso passe por alguma e possa dê uma olhada na vista, verá algo que pode te surpreender ainda mais ou no mínimo aumentar a sensação que está em uma embarcação.

Certamente alguns devem perguntar: Mas e os aquários? Cadê os peixes? Só posso dizer que está em construção, há muitos filhotes, alguns peixes curiosos e sensações que só no local pode-se experimentar, afinal a graça de tudo sempre está no mistério.

Para os extremos curiosos seguem algumas poucas imagens.



Temos também o mais rabugento e o mais simpático. 
O rabugento ficou para o peixe leão, que só resolveu ficar num local, onde a câmera não conseguia captar sua imagem, e depois de horas, e várias tentativas, finalmente resolveu sair um pouco. Ficou na borda superior do aquário de costas, para evitar a todo custo que captasse sua imagem. 


A simpatia não poderia deixar de ser dos pinguins que esbanjavam vitalidade, nadavam rente ao vidro e faziam peripécias para qualquer um que se aproximasse. Também foram incansáveis nas fotos, posse nova para cada foto e nunca repetiam.




Simpatia e seus parentes mais tímidos.





quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

L A P A alguns detalhes

Uma cidade pautada na luta, na força e persistência de seu povo, "LAPA alguns detalhes" procura mostrar pequenos elementos que podem passar desapercebidos ao visitante comum, como este reflexo sobre a obra escondida atrás das armas do museu, que tão bem representa a dualidade entre a beleza de seus campos e a resistência armada das batalhas.

O mais espantoso é que não trata-se de uma montagem intencional e sim acidental, o único ângulo que consegui desta imagem foi também o mais revelador.

Não tenho a intenção de revelar as belezas mais significativas do lugar, apenas a sutileza de alguns elementos que tomaram minha atenção.

Um quadro de vanguarda? Uma obra de arte de expressão geométrica? Não, apenas o piso desgastado da igreja matriz, revelando seus cubos entre a penumbra diagonal e a intensa estrela do flash de iluminação. Nem mesmo é o piso principal, apenas um detalhe de um dos acessos laterais.





Como não observar a grande quantidade de pisos em tábua que formam grandes conjuntos entre os casarios, sua fixação com pregos, travessas  em madeira quebrando sua longevidade, o desgaste do tempo e de inúmeras passagens.


As juntas mostram o esmaecido dos anos, a cor mostra o capricho do trabalho de manutenção e a luz que as aberturas de portas e janelas permite adentrar, contrapõem uma volta a um passado onde não precisavam-se de campainhas e interfones, eram os saltos das botas na madeira que anunciavam uma presença.


Hoje temos mais silenciosos pisos, para os mais variados fins, afinal temos tanto barulho a nossa volta que o estalar da madeira dificilmente poderia ser notado em meio aos sons agudos, estridentes e pouco agradáveis que nossos elementos mais modernos tendem a produzir.






Quantas opiniões foram trancafiadas para criar esta nação verde-amarela. Em tempos de divulgar instantaneamente sua vida com imagens a nível mundial com uso do celular, levando pouca expressão, menas palavras, menor interior intelectual, maiores são as prisões, que não precisam de portões de ferro e madeira de lei como dantes.

Revoluções em nome de um ideal parecem quase esquecidas, mas há um clamor por mudanças. O poder continua corrompendo os fracos de caráter que parecem ser a maioria dos eleitos, a nação colônia não parece ter evoluído tanto quanto a tecnologia, os ideais de liberdade e justiça parece que continuam presos nas masmorras do passado.


Fechaduras desgastadas pelo óxido de ferro formam um conjunto harmonioso, simples trancas podiam deter a violência, não era necessário muita coisa para saber seus limites, o respeito aos demais era contagioso e ninguém precisava quebrar a tranquilidade com uma aparição exótica e impactante. Tempos de simplicidade, rusticidade onde o primor era a educação e esta cabia a todos sem exceção. Aos mais ilustres cabia ainda mais o exemplo.

Janelas traduziam a personalidade do imóvel trazendo um elemento distinto em tão sóbrias formas de construções retangulares, mesclavam ornamentos afim de traduzir notoriedade e sofisticação ao casario, esta pequena amostra não representa a infinidade de padrões existentes, mas procura instigar um pouco a curiosidade da arquitetura lapeana.

O belíssimo entalhe do arco do teatro municipal abrilhanta logo na entrada o que esta porvir.

Um elemento de extrema dinâmica, curvo em todas as direções procura abraçar o convidado do teatro, levando a preocupação de criar harmonia e simpatia ao mobiliário.

A cadeira de feitio complexo servia a todos desde ao mais simples até o imperador, em época de separar as classes pelo menos no mundo das artes todos eram vistos como iguais. Os braços ora delimitavam o espaço no palco frontal, ora deitavam afim de não atrapalhar a movimentação no camarote apertado. Além da estética o mobiliário tinha funções ao qual se destinava.


Espalhadas pelo teatro criam no conjunto um movimento interessante tentam mostrar-se espaçosas em meio a um espaço reduzido e confinado.



O remanescente da pintura original da igreja mostra uma época mais preocupada nos detalhes, infelizmente quase toda pintura foi perdida nas manutenções.

Um homem pobre que sonhou com uma casa bela, em meio a nuvens e cavalos brancos...
Parece uma estória atual, mas aconteceu há muitos anos, seu sonho criou uma casa com cavalos na fachada e estilizadas paredes cobertas por nuvens.

Esta postagem mostra um local de presença forte e marcante que encanta o visitante a cidade da Lapa no estado do Paraná.

Não esqueça de apreciar outra rara beleza as esculturas de madeira como esta de uns 5 cm mas de traçado sinuoso arrebatador, um pássaro? Um pinhão? algo tão belo não precisa explicação.