quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Arte Queima nas Matas

     A crescente queima das matas no mundo, trouxe a mim não só a perplexidade do evento mas também a sensação que minha base das peças de arte, a madeira residual de árvores mortas, encontradas nas matas e riachos de minha vizinhança estão também num processo de extermínio.

    Para clamar por mais consciência do frágil planeta onde estamos resolvi criar uma série de esculturas em madeira, aprimoradas como luminárias, trazendo assim o elemento fogo para um contato mais próximo a situação real.

    A ideia inicial era mostrar o grande círculo da vida, para isso trouxe o elemento ÁGUA, num fundo azul margeando a instalação, o elemento FOGO nas lâmpadas vermelhas, laranjas, amarelas e brancas, o elemento TERRA está materializado nas esculturas em madeira e por último o elemento SOL ou ENERGIA, está simbolizado nos reflexos de uma instalação de placas de aço inox liso e escovado.

 O circulo de apoio serve como forma de mostrar a transformação, a mudança, o tempo o movimento das fatos que inicia numa incandescência vermelha de labaredas e vai prosseguindo por focos de fogo (luminárias) na trajetória do vídeo, quase no fim, uma prece, numa forma sinuosa Nossa Senhora e subindo a um anjo apocalíptico, que de seu interior emana luz azul.

 Ondas de aço reluzentes escorrem da parede, suspensa uma luminária vermelha com uma galhada curva, demonstra o foco do aquecimento global vindo do espaço, como já muito discutido pelo efeito estufa.

Os elementos de aço inox reluzentes e foscos, também podem simbolizar nossos conceitos de industrialização, consumo desmedido, sucessivas ondas de destruição da biodiversidade em prol do nosso "desenvolvimento".

Em todo trajeto circular temos focos de incêndio (simulados por lâmpadas), incutidos nas luminárias, mostrando que mais do que as barreiras físicas (países ou geografia), o problema se espalha, além de suas capacidades, pois está interligado além dos limites territoriais e das políticas individuais de municípios, estados ou países, além até mesmo de continentes.

O braço circular que nos envolve é um planeta, uma quase esfera, mas preferimos discutir o globalizado somente nos interesses financeiros, ficamos quase que isolados quando o assunto envolve um ambiente global.

Os efeitos secundários que nossas ações ou falta delas causam não parecem interessar, estamos focados em nossas posses, nossa posição, nosso crescimento em bens materiais, quanto mais tecnológicos melhor, não importa muito sua origem ou danos necessários para sua criação.

Ao centro uma pequena fogueira, nosso início primitivo de desenvolvimento refletida por raios de aço que demonstram a necessidade inicial de calor, proteção e conforto. Hoje desdobrado em um sem fim de ramos que estimulam nosso consumo, nossos anseios, nossas "necessidades".

 Então começa nosso processo evolutivo, a exploração dos recursos de modo ostensivo, minerais, animais e vegetais, tudo para servir unicamente a nossos interesses imediatos, não como antes para subexistência, somos mais complexos e agora começamos a acumular para viver melhor.

Embora ainda estamos no início da compreensão da complexa rede que interliga os seres vivos desse planeta, já extinguimos alguns sem nem saber sua função, represento a ANTA, semeadora de florestas levando a biodiversidade, tão falada mas tão pouco valorizada.

Quantas outras formas de vida animal nos são úteis? além de nossos pets, cachorros e gatos? Serão estes inferiores e só servem para nosso consumo e distração? Um dia saberemos seus verdadeiros lugares no ecossistema?


Nossa flora será mesmo apenas para produzir alimentos em massa, iguais e conforme nossos padrões de gosto? Teremos sempre essa infinita fábrica de remédios quase sem efeitos colaterais? Desprezaremos toda evolução pois não servem aos nossos jardins e nem para nosso alimento?

O que vamos pesquisar quando estas formas não existirem?  pedras lunares, elementos químicos sintetizados, formas de vida extraterrestre?

São apenas mais uma fonte para nossa infinita exploração? Teremos capacidade de preservar pelos menos as que mais utilizamos?




Contaremos apenas com nossas crenças e religiões para evitar nossas ações? Serão estes seres espirituais capazes de impedir que encontremos nossa própria destruição? Precisamos avançar mais nossos danos para entender o caminho que trilhamos avidamente?

Preces a Nossa Senhora, Anjos de Proteção podem nos confortar, nos surpreender, nos alertar, mas ainda temos o livre arbítrio, tão generoso que nos deixa exterminar o que nossa pouca compreensão não julga necessário.

 

 

 

Devido o tamanho o vídeo não pode ser anexado, mas pode ser visto em outro link:

https://www.facebook.com/marcos.stecker/

  Você será  FOGO  ou   ÁGUA ?



Lumens

Luz à partir da arte, este caminho começou a mostrar-se viável quando formas de esculturas de madeira remetiam a ideia de ter um propósito a mais além de embelezar, e tornar agradável um ambiente, parece ser quase natural que as peças tragam também uma luz própria, como não queria nada óbvio ou repetido, busquei elementos de luz que pudessem multiplicar as faces do elemento esculpido e não apenas trazer a tona. Lumens parece adequado, partículas de luz em meio aos milhares de outros brilhos, seres incandescentes, elementos funcionais que orbitam nossos momentos mais sombrios, mas não menos interessantes.
 Envolvendo um bocal de porcelana sem encobrir nenhum elemento mas criando projeções diferentes nas paredes e na forma cru de ver a lâmpada, muito atual para as novas padronagens que trazem, mais que luz, mostram a iluminação como algo a ser redescoberto, por isso o que seria uma luz de teto, inverteu e tornou-se luz de aparador.

Fio neon aquecendo uma tortuosa escultura em madeira, esquentando um ambiente, mesmo que sua luz seja fria, a sensação de acolhimento se manifesta. Peça portátil de baixíssimo consumo 2 pilhas AA, para aqueles usos eventuais em locais desprovidos de redes energizadas.

Brotam do teto elementos incomuns, em conjunto com lâmpada alongada geram um ponto focal inovador sobre qualquer ambiente que se disponha.

Mais um suporte de luz, para diluir o espectro luminoso e aguçar o imaginário, desligada uma rústica e forte escultura em madeira, iluminada torna-se um redutor de iluminação, trazendo luz indireta em apenas algumas faces, como a frente e acima.

Este elemento busca trazer a versatilidade das cores para ambientes com poucas cores, sóbrios durante o dia e variados a noite, a escolha da cor eh permitida por fita de led, com diversidade cromática e se desejar compor com algumas programas pulsantes. Além de decorar, além de iluminar, criar um ambiente único e acolhedor para todos os momentos e gostos.






quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Micro Escultura Madeira

Esculpir em madeira em formas diminutas requer muita paciência, pois se trabalhar com madeiras mais moles, facilmente perde peças com corte equivocados, se escolher cernes e madeiras duras, certamente terão escapes, cortes e dificuldades de modelagem, as ferramentas para isso não existem ou talvez existam mas são demasiadamente caras, então estas peças exigem dias para serem formadas, um único pássaro de 2 cm pode levar mais de 2 horas, quanto mais detalhado e expressivo menos possibilidades de feitio existem.
Detalhes como olhos, bicos, assas, são leves abstrações, cortes, perfurações e a mais complexa, incisões de elementos com micro furos e colagem.

As composições são formadas de uma diversidade de madeiras afim de obter mais texturas e cores, e claro ajudar na modelagem das formas.

 Os detalhes não puderam ser capturados pela lente, pois exigiriam um cem fim de imagens para compor minimamente o aspecto real, então preferi manter no máximo 2 ângulos e compensar mostrando uma maior quantidade de peças.


 Os troncos são de arbustivos cultivados, conhecido como Pingo de Ouro (Duranta erecta), que secaram e foram invertidos, utilizando suas raízes para compor os ramos de uma árvore. Sua cor muito clara e retorcida permite destacar-se da base e pássaros.
Na base em sua maioria utilizei a madeira Louro, por ser mais leve e maleável, além de ter texturas e muitas cores que vão do preto (queimado), marrons (cerne central) e amarelos (intermediário até as margens). Na borda ainda eh possível obter mais um tom siena proveniente da resina da casca que seca e macha as bordas.




 Cada ângulo de visão pode ser tão inusitado que é difícil imaginar ser a mesma peça, tornando o desenho de cada face e forma uma eterna criação, trazendo a expressão "acabado", um momento muito doloroso quase indeterminado, pois se observar mais alguns segundos a criatividade pode sugerir mais algumas horas de trabalho.


Sempre tenho de responder a questão de valores e claro das vantagens desse trabalho cada vez mais raro, nestas questões sempre sinto que não consigo ser objetivo e descritivo suficientemente para que possam compreender.

Meus trabalhos não vem de uma escola, mentor, estudos de arte, vem de algum lugar mais profundo e desconhecido, meu eu interior, simplesmente sei fazer assim, ninguém precisou ensinar, mas certamente tudo que vi e aprendi em todas as áreas contribui para este resultado.

Não posso dizer que é um meio lucrativo, pois peças em madeira são vistas desde sempre como inferiores, artesanato, singelas demais. Mesmo assim acredito que o manual, individual, único, sempre terá valor, pois não pode ser copiado, multiplicado, fabricado, reproduzido em escala, logo traz a quem o vê a sensação de inovador, mesmo que eventualmente não tenha interesse.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Micro-Escultura Orgânica

Esculpir formas orgânicas traz um desavio a mais, pois devem trazer traços e detalhes incomuns, não simétricos e dotados de uma estruturação ousada e natural. Algumas partes das peças devem ter milímetros e outras foram cuidadosamente trabalhadas para apresentarem texturas e curvas que a imagem não permite ver mas é possível com um olhar mais cuidadoso imaginar.

Uma composição para mostrar o equilíbrio quase insustentável das formas.
Cenários de vida intensa, a "Família", composta de uma pata e seus patinhos e um casal de pássaros observando o desenrolar curioso da maternidade. Após um arco coberto de flores e um pássaro pairando no centro, uma construção colorida à partir da diversidade das cores das madeiras.

O "Namoro", um casal de aves do paraíso exibindo toda sua majestade.

Toda a ondulação das curvas de uma árvore em circunferências irregulares. Após "O Jardineiro" peça diminuta de menos de 7cm, mas grande força expressiva.
 Troncos esculpidos pela natureza aportados sobre bases e com micro-escultura de pássaros, peças de centímetros de tamanho e com detalhes milimétricos.
O sentimento e expressão marcados nas peças não puderam ser expressos, mas espero ter transmitido um pouco da composição orgânica, natural e que me deu imenso prazer em elaborar, algumas levaram meses outras em segundos mostravam-se como deveriam ser, mesmo assim, deu um trabalho intenso, pois quanto menores as formas, mais quebradiças e delicadas são as peças e mais tentativas são necessárias para obter uma peça completa.



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Arte para o AMANHÃ

A arte sempre marca uma época, um estilo, uma forma de agir e pensar, suas criações mais significativas, tais como, seus materiais, suas formas mais características, seus agentes transformadores e mesmo que utilizem materiais antigos, expressões milenares ainda assim traduzem algo mais profundo, muito mais que uma mensagem de fácil captura, algo instigativo, ela traz na sua essência uma alma, uma ligação do criador com seu meio. Pode ser perturbadora, esquisita, alienadora, impactante, trivial, ousada, inovadora e outras centenas de adjetivos, mas sempre exige a transformação e costuma manter um ritmo próprio de nosso interior, por isso sempre nos questionamos como foi feita, pois ultrapassa nosso conhecimento sempre limitado, exige entender uma outra alma, algo não corpóreo, algo não palpável, e sempre único e original.

Dessa forma os elementos artísticos mudam com os tempos, mas o domínio sobre eles não, seres de vento não trazem solidez, seres de matéria não inspiram o espaço e seus múltiplos vazio dentro do sólido, seres aquáticos não transitam pelos outros meios, os invadem, os contornam, mas sem entrar em conflito, sem competir por espaço.

Mesmo sendo uma composição de todos esses elementos mais básicos não os compreendemos, apenas tentamos dominá-los, utilizar em nosso proveito, agimos como os únicos seres capazes de saber como aproveitar tudo a volta em nossa existência. Pensar em nossos impactos ou nas consequências é ainda algo novo, não evoluímos o suficiente para entender que somos como uma praga que se espalha, dizimando tudo, causando seu próprio extermínio.

Resolvi criar alguns elementos para fazer o impensável, criar elementos físicos que nos mostrem justamente os elementos menos visíveis, sim um pouco de arrogância em pensar que posso traduzir sensações e criar novas consciências à partir de elementos existentes. Nossa mãe natureza vive nos dando exemplos de como nós somos predadores e nunca ouvimos, mas acredito que mesmo assim vale a pena tentar. Não acho a tentativa um perdão, nem uma forma de se mostrar melhor, apenas uma alma que se expõe mais.
Para facilitar o caminho, utilizo um "PORTAL", pois simboliza que precisamos entrar em algo pra saber que deixamos para trás uma outra realidade, trouxe para ele elementos brasileiros para gerar ainda mais identidade, posicionando assim ele geograficamente.

Ele se compõe de formas, luzes e cores primárias, assim como a os elementos mais abundantes deste planeta, os que mais transmitem e fluem na vida. O verde da vegetação, o amarelo que vemos como luz solar tão necessária para o crescimento de tudo, o azul representando as águas e por fim o branco ou translúcido elemento mais comum e abundante, o ar.

Estes se projetam sobre o visitante para lembrar que são presentes, mesmo que possamos atravessá-los, o verde faz-se notar com projeções laser, mais densas cortantes com intensão de lembrar mais enfaticamente sua presença. As projeções são móveis e aleatórias para se manter em constante mutação como no nosso meio.

Na sequência mostro um caminho bem negligenciado que faz com que nossas escolhas tragam cada vez mais impacto: A LIXEIRA DO MUNDO. Um pendente cúbico que não se sustenta e mostra as camadas de resíduos.
Os cubos vazados simbolizam escolhas, externamente com superfícies metálicas, nossos maiores consumos e por dentro iluminadas com cores fluorescentes como verde, amarelo, vermelho e negro (sem luz). Tentam impactar a dinâmica do consumo, todos precisam de um carro, uma casa, um celular e assim por diante.

Nosso consumo acumula espaço que precisa ser sempre ampliado e assim acabam as matas, perdemos a segurança das radiações solares, contaminamos com elementos tóxicos, uma consequência não percebida. Os símbolos vazados mostram uma não escolha em forma de "X" ou um símbolo cíclico, aquela pergunta tão pouco usada, será que preciso mesmo trocar? A cada aquisição a pilha aumenta. O assunto é ainda mais extenso que seus símbolos, como os destinos dados aos nossos resíduos, a exportação de lixo tóxico, o uso dos combustíveis tóxicos, as poucas políticas sustentáveis, o emprego de tecnologias sem análises profundas dos seus impactos e assim segue.

Após tanta abstração trago um conjunto de luminárias o "XADREZ - FUTURO HUMANO", ele mostra as importâncias dos elementos e sua necessidade de ser notado, todos em busca de ser uma presença ilustre, criando uma euforia em ser algo e com isso uma constante necessidade de ter, cada vez mais, de ser notado pelos seus domínios e não pela sua real importância, pelo sua consciência ou pelo seu pensamento coletivo de equilíbrio.


Talvez o maior de nossos problemas nossa soberba presença, não podemos ser apenas felizes e harmônicos devemos ser notados, reverenciados, admirados, carregamos no ego os princípios de nosso fim, não somente nossa finalidade, mas também os conceitos que justificam a destruição de tudo que na nossa estratégia pessoal bloqueia nossa ascenção.

Procurei as peças que não sejam apenas de existência única, mas também de equilíbrio duvidoso, para mostrar que nosso juízo não leva em conta as sequelas, apenas uma unicidade em meio a multidão, um destaque.

Por fim uma instalação realmente grandiosa, uma sensação única, trazer a nossa poluição ao elemento de maior difusão de todos, nosso ar. Os pássaros tornaram-se placas metálicas, suspensas por hastes e cabos, num mundo de reflexos: "O CÉU DO AMANHÃ".
As projeções espaciais procuram relacionar nosso DNA com o vôo dos pássaros, estes não são livres, mas presos como metas, alvo de construção e expansão constante, os conjuntos fixam no ar e no chão para lembrar que o que não vemos é ainda maior do que o que sabemos.
O conjunto está num berço de espelhos onde o espectador soma-se ao conjunto, trazer o céu para o chão materializando esse ser gasoso, sem olhar para o alto, coisa que não é muito confortável e prazerosa para nós humanos.




Mesmo imóvel a sensação de movimento será sentida, complementada por vento e iluminação projetada o ser presente sentirá de maneira etérea a presença do nosso ar.

As cores e reflexos dos materiais simulam um espaço sendo preenchido, como em nossas cidades, somos um pouco pássaros, pois aos pés temos nosso reflexo e não um elemento opaco.

Deslizando sobre os espelhos nosso referencial de firmeza fica suprimido. A construção parece planejada na entrada e perfeitamente integrada, mas outros ângulos a mostram amontoada, confusa, irregular. A dualidade das escolhas como a física traz reações a cada nova ação.

Fica ainda em pensamento se devo articular esses braços permitindo alguns movimentos? Talvez esta ação possa ir muito além de nossas capacidades de absorção e entendimento, então por hora mantenho esta proposta.