segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Equilíbrio

Quando o material tem algo de especial suas características podem ser potencializadas, é o caso da madeira, leve e resistente permite peças que desafiam a gravidade, o equilíbrio e uma fluência como em movimento.
Esta coleção explorou esta faceta aos extremos algumas sobreviveram outras ultrapassaram as características de resistência até mesmo deste material e falharam, algumas que deram certo:


As formas orgânicas as vezes surpreendem até mesmo o criador.


Mesmo nos limites algumas esculturas mostraram quão longíquos são seus extremos e tão complexas suas expressões de sustentação e suporte, limitado é apenas nosso entendimento.
Imensas equações não explicam algumas formas que surgem quase prontas na natureza, precisando apenas de uma lapidação e se apresenta enigmática.
Incrivelmente seu tamanho é diminuto em relação as demais, mas sua expressão se impõe, não superior a 7 cm, bem longe dos 70 a 80cm das demais e ainda assim com um espaço enorme na sua força natural.
A oposição das fraturas e desenhos rochosos do basalto em harmonia com as curvas leves e orgânicas da madeira.
Se tudo tem um fim, prefiro imaginar que o porvir sempre pode ser mais interessante, mesmo que temporariamente o momento se mostre atrós.

sábado, 15 de agosto de 2015

Humano Geométrico

Da esquerda pra direita minhas dúvidas, qual coleção produzir: Humano Geométrico, Equilíbrio, Expressão, Corpo e Miniaturas. São 5 linhas diferentes que apareceram quase que simultâneamente, acabei produzindo peças em todas as linhas, e finalmente há um conjunto a exibir.

Na primeira tentativa comecei a esculpir e as peças se mostraram desconexas, pouco arrojadas, com formas planas interessantes, mas pouca expressão.

Fui pro desenho criar algo mais solto e sem a rigidez dos cortes da madeira, pesquisei meus rascunhos e encontrei um esboço que me agradou pela leveza e fluidez, encontrei madeira leve e moldável permitindo a criação do primeiro elemento.



Já na primeira peça vindo do caderno de esboços saltou a minha imaginação e multiplicou o senso criativo.

Após algumas alterações e inclusões no design inicial, voltei pro esboço e surgiram inúmeras formas, soltas, leves, geométricas e de grande expressão, em movimento intenso e harmônico.



Uma Bailarina expressa sua leveza ao  lado de uma pesada forma que observa seu giro com feições da madeira, um nó traz um ponto único e original.


O Esquiador desliza solto apoiado em único ponto e marcando um nó que mostra sua particularidade.

A direita uma mãe na esperança de engravidar: Gravidez Psicológica, mostra todos os traços e formas, mas ausência de feto no vazio central.



Um olho nó da madeira e uma forma robusta mostra uma tendência de trabalhar o corpo, mas com percurso disforme, obcecado, o caminho do Corpo Dissoluto.

Leve e sensual as formas femininas mostram-se como um Anjo.



A bailarina já traz uma derivação da coleção com emprego de vários tipos de madeira, pelo menos cinco delas: Eucalipto, Manacá, Cipó, Anjico e Louro. As texturas e cores trazem mais elementos a trabalhar, nasce uma derivação da coleção, uma nova gama de possibilidades.
A coleção continua utilizando características únicas, presentes na madeira para dar uma personalidade e expressão além das formas. Em oração a Freira traz uma sobreidade de sua elevada força espiritual.

Ainda sem acabamento final o caminho das esculturas mostra-se uma trajetória imensa a percorrer.


quarta-feira, 29 de julho de 2015

Sem Controle da Criação

Uma explosão de idéias cresceram, tantas formas com personalidade própria que foi impossível mostrar um conjunto, pois as esculturas mostravam-se únicas ou matrizes de uma nova tendência, coleção. A cada esforço de criar uma sequência sempre surgia uma peça excludente, pensei em até publicar todas mas quebraria uma estrutura a que me propunha, então demorei mais para entender esse caminho, explico um pouco de como é complexo lidar com materiais orgânicos, únicos e oriundos da natureza e não da produção industrial, acho que estes desencontros mostram mais caminhos do que podia pretender percorrer.

Produzi para cada peça várias opções até encontrar algo que mostrasse ser um elemento correto de conjunto, assim algumas peças tiveram 4 cabeças, 3 pernas e assim por diante até oferecer uma harmonia compatível com o que já havia. Assim também as peças fugiam dos padrões gerando outros temas, outros pensamentos, acredito ser a primavera da criatividade, pois brotaram todas as formas: Humanas, abstratas, geométricas, fluidas mas sempre com impacto e elevada originalidade .

 Orgânico não são perecíveis, apenas formas menos angulares, únicas. Também não são um conjunto de formas curvas, pois sempre opõem-se a estas formas inusitadas, criativas com função temporal pois registram fatos. Estas notícias não são apresentadas de forma clara, simples, leiga, exigem do leitor conhecimento, estudo de particularidades, olhar cuidadoso, meticuloso e imenso senso estético comparativo. Existem nestas formas elementos de mais simples compreensão, ou talvez, que já aprendemos a ler,  tais como os anéis de idade de uma árvore, as cores das madeiras, as funções básicas de um ser vegetal, mas estamos apenas em parte conhecendo a imensa linguagem.
 O Orgânico não agrada pela repetição, pela simetria pela nossa função de ordem, pois está a frente destas simplificações que fizemos para estar no controle, traz cores que não se repetem, mesmo lado a lado, folha a folha, cada uma traz sua personalidade e unicidade.
Não há porque manter padrões, criar lissura, alimentar uma textura única de modo a harmonizar o conjunto, é no caos de na ausência de objetivo que se materializa cada elemento.

 Sobrevivem a mais tempo que nós então não utilizam seus talentos únicos pra dominar, pois buscam o convívio com o diferente, que junto compõe algo melhor.
 Quando criam-se depressões estas mostram-se úteis, necessárias para maior integração e complexidade, gerando uma mais elevada diversidade. Nós quando algo mostra-se irregular, logo procuramos tampar, preencher, alisar, planificar, jamais nos adaptamos, queremos sempre ficar dentro dos conceitos conhecidos, das funções pré-estabelecidas.
 Desconstruir não está nos hábitos do humano, ainda estamos tentando aprender a reciclar, criamos elementos que mal sabemos como ficarão após o uso ou desgaste, não evoluímos para uma vivência longínqua, milenar, apenas para prazos curtos de nossa rápida passagem.

Simples, singelo, não é menor, apenas limitado no entendimento do classificador, por desconhecimento, por falta de observação ou pela pressa de saber sua utilidade prática, seu uso, seu benefício. Mesmo assim construímos beleza sem saber porque, pagamos muito por visões pitorescas, pois precisamos mais que existir, vestir, comer, viver, necessitamos preencher nossa alma com algo mais.




segunda-feira, 29 de junho de 2015

Profundezas

Os maiores abismos do mundo estão sob as águas, nelas estão os mistérios das formas, da vida sem luz, das extremas pressões, de elementos altamente tóxicos, mesmo assim há vida, adaptada a falta de tudo, isolada de nossas ações de contaminação.

Da água onde surgiu a vida, nascem elementos de fluidez, de sinuosas formas, por vezes grotescos, mas com habilidades únicas. Um lugar onde nossa tecnologia ainda não alcança, descansa sereno em seus mistérios.


Algumas das formas esculpidas pelo tempo e ação das águas e portanto, enegrecidas pela ausência da necessidade de estabelecer cores, trazendo apenas luz para seu próprio deslocamento, biolumes, maleável forma, sorrateira e discreta passagem.



Nascida do acaso as formas me procuraram e se revelaram sem grandes esforços, ao natural, como que ávidas para conhecer novos seres, novas vidas e desfrutarem de novas jornadas.











No mundo real há sempre espaço para o imaginário, pois somos mais que físicos, temos no mesmo espaço elementos abstratos, sentidos e emoções que costumam contradizer as razões. Os padrões sólidos atendem apenas em parte, precisamos em nossas vidas pelo lado inusitado que desperta, que encanta mais do que somos, mais profundamente, remetendo a algo maior a que todos pertencemos. 





Se um dia eu desaparecer, muito ainda há de viver, os traços que deixei aqui, os laços que me fez sentir, os abraços e o amor que tive e não pude deixar partir.

Como flor de pessegueiro que emerge em tronco grotesco, cercado de resina pegajosa, mas de intensidade vibrante em contraste sutil, de beleza singela, transmitindo uma alegria de renovação aos olhares frios e escuros, como um dia de Sol em sua janela.

Florescer no deserto de seu coração, aquecer o inverno de seus pensamentos, abrandar suas tragédias sucessivas, moldar como a água a dureza das pedras do seu caminho, afagar com leveza e ternura sua face maltratada por muitas agruras.

Deixo uma pegada que pode nunca ser encontrada, nem relacionada ou referenciada, apenas mais uma marca, que pode ser superada, suplantada, subestimada, mesmo assim sem jamais se perder ao vento, sendo no máximo deixada guardada até o dia de florescer.