domingo, 26 de janeiro de 2014

Arenitos de Vila Velha

Os arenitos de Vila Velha, Paraná, trazem as marcas do tempo na rocha com imensa singularidade, o fissuramento destes gigantescos blocos criam formas em convívio com a fauna e flora do local, trazendo ao visitante as mais belas impressões.
As cores da rocha oxidada vão do areia ao cárneo, matizando com os elementos do local.

Difícil é escolher o ângulo mais belo para fotografar, a luz e sombra prospectam criando ambientes extraordinários, para todo lado há texturas de líquens, troncos, epífitas, uma intensa mistura de elementos em composição.

Cascas de árvores podem passar desapercebidas dada a imensidão,
mas com olhar mais cuidadoso, primoroso são os relevos apresentados.




A luz que atravessa os paredões figura um elemento a mais, na profundidade da beleza do local, algo espiritual, muito forte e intenso, mesclado com nuances de suavidade e candura. Para melhor demonstrá-la faço uso de cromia.
 
Por vezes a irradiação solar cria um elemento a mais nas curvas do arenito







Os padrões da vegetação merecem um destaque, há orquídeas epífitas como os oncidiuns crescendo em densidade, ou rupícolas como as bifrenárias, mas sem dúvida o que destaca-se são as bromélias formando véus ou escalando as paredes em curiosas formações.

As várias visitas no entanto permitiram identificar algumas espécies e até presenciar sua floração, mas suas localizações extremas não trouxeram boas imagens, desse modo mostrarei nesta postagem a vegetação em nível de forrações como estas a seguir:






São tantos detalhes extraordinários que é impossível vê-los em um só dia, numa única estação, somente visitas constantes permitem apreciar tanta originalidade, não mostrei ainda as flores e as sementes e um sem fim de elementos que ainda preciso encontrar em melhor luz ou na falta dela.

Mas o motivo do parque são as formas esculpidas na rocha, então seleciono algumas:

"A TAÇA" - em sua vista do mirante é considerada o símbolo do parque, embora prefira a vista traseira, onde aparecem faces humanas esculpidas pelo vento.

As próximas formas prefiro nomear com base no meu imaginário, embora possam ter outros nomes no parque.













Em perfil agudo este bloco parece um navio atracado no seu berço, esperando para zarpar.

Ao lado sua localização em meio ao rochedo.



O ET esgueirando-se entre a vegetação florida.


O mesmo, em um dia azul sem a força da primavera.


A Esfínge pujante sob a ribanceira.

Exige um esforço imenso para avistá-la, em seu olho um ninho de vespas.



A Face, entre as escarpas, uma rósea pele aparece.

Em perfil o suor verde do esforço desprendido.

O caramujo com suas cores esguias, uma combinação lacustre e mole, embora de fato rígida como rocha.


O Guardião com suas inscrições limitadoras em ranhuras mostra sua presença.



Por fim o portal de saída, que parece fechar sobre o visitante, impedindo que seus tesouros sejam levados.

Em qualquer momento, sob qualquer condição de luz, é impossível não encantar os olhos e abrandar o coração.

As forças rejuvenescem com o passar da horas nos íngremes caminhos, que podem trazer mais surpresas que a lente pode captar.

Sem pressa, com olhar curioso, pode-se conhecer um mundo nunca antes pensado, algo deveras pueril.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Mulheres de Pedra


Traduzir a beleza das mulheres exige elementos fortes, delicados, de resistência ímpar e de cores extravagantes, procurei então onde isto podia existir e o único material que trouxe tanta singularidade foram as pedras.

Com suas gramaturas, fendas e fissuras abrigam os mais variados tons, os mais variados harmônicos, as mais instigantes cores, a mais sofisticada beleza.



A magistral impressão do corpo feminino dançando, mostrando a sinuosidade galgaz, ondas de impacto e leveza, malícia ao natural, desdobramento do interior lascivo.


Apenas pedras de arenito constipadas pelo tempo, óxido ferroso de desgaste pluviátil, ação do tempo captada em milissegundos.


Breve, tão rápida como a mais ligeira ave, tão plena como a imensidão. 



Detalhar ao ponto de fácil constatação, ou manter obscuras formas instigando a imaginação, difícil definir o ponto exato em que o talhe deve parar a arte, onde a forma já se mantém, onde já diz tudo o que pretendia trazer.

Os véus que cobrem as formas escondem e apresentam uma mulher misteriosa, por vezes mais atraente que a exagerada nudez.

A natureza traz a santidade, o ser vívido que canta e produz melodias para abrandar o tempo, acalmar a alma, engrandecer o mais profundo elemento humano.

Serão sons de calmaria ou bravos de revolução, são vozes femininas, enebriantes no tom, mínimas na intensidade, mas marcantes nos corações.

Cobertas por tecidos mostrando pompa ou ondulosas com muitos vincos, qual a personalidade da vez? Qual o formato da moda?

Acho que a personalidade transmite mais que as formas, e esta por certo é mais adequada ao que deve-se apresentar.

Mas tendo que lutar por um espaço, aprenderam também a parecer ao meio o que não são, aparentar destreza e força, mas para nossa sorte a dualidade sempre impera, e aos poucos pode-se perceber a mais complexa esfera.

As rochas também desdobram-se no ambiente, ora duras e implacáveis, ora tenras como terra.
Cobertas de musgo mal percebe-se sua presença, corroídas pelo sol causticante ficam esbranquiçadas e esgueiras, ou então, vívidas em cores berrantes amaciadas pela água.

Todo instante um, no mesmo conteúdo um amplitude de ser.
Nuas em pedra, enigmáticas ao infinito ou espetacularmente simples, trazem sempre o despertar dos olhares, uma imensa satisfação de tê-las em nosso convívio.